sábado, 12 de novembro de 2011

ANAF convoca associados para Assembleia em Santa Catarina

A Associação Nacional de Árbitros de Futebol (ANAF) realizará, nos próximos dias 18 e 19 (sexta-feira e sábado da próxima semana), sua Assembleia Geral Extraordinária e Ordinária, no centro de eventos do Hotel Praiatur, na Rua Dom João Becker, Praia dos Ingleses, em Florianópolis (SC). Para tanto, contará com a participação dos 27 sindicatos estaduais e aproximadamente 500 árbitros associados.

Dentre os tópicos que constam na agenda do evento, pode-se destacar a reformulação estatuária, a situação administrativa da entidade, as propostas e metas para a arbitragem de 2012 e do Relatório de Apoio da ANAF, além da definição da cidade do Congresso Nacional da Associação dos Árbitros de Futebol 2012.

Emprego de árbitro

No dia 25 de outubro de 2011 houve uma audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto na Câmara dos Deputados, onde se reuniram árbitros e representantes da ANAF para se discutir as propostas do Projeto de Lei nº 6045 de 2002, que “Regula a profissão de árbitro de futebol e dá outras providências”.


Esse intento visa, na verdade, estabelecer alguns parâmetros gerais para que essa função deixe de ser vista como uma espécie de hobby, afinal quase todos os outros membros atuantes no esporte (técnicos, jogadores, médicos, massagistas) são amparados pelas leis trabalhistas e, muitas vezes, dos árbitros se exige muito mais.

Uma das demandas que eles acham absurda vem do direito que qualquer pessoa tem de colocar o árbitro na justiça caso se sinta “prejudicada” por ele, evocando a Lei 10.671/03 do Estatuto do Torcedor.

“Quando o árbitro erra em campo ele não comete nenhuma infração, ele só não teve capacidade para atuar corretamente, mas isso não é nenhuma transgressão à norma. Isso é apenas uma falta de capacidade, de limitação visual, de limitação física” é o que diz Manuel Serapião Filho, membro da Comissão de Arbitragem da CBF.

Um lapso ou outro se deve perdoar, na medida em que todos são passíveis de erro. Todavia, quando este é causado pela falta da maturidade que o tempo de exercício proporciona, configura-se então um risco que a classe não quer mais correr, sobretudo nos grandes jogos, um revés que pode ser fruto dos sorteios impostos pela CBF desde 2003 para afastar suspeitas de favoritismos nas escalações.

“É opinião corrente no meio futebolístico, especialmente na arbitragem, que temos que acabar com o sorteio. Ele foi colocado no Estatuto do Torcedor em 2003 e não deu resultado nenhum. Entendemos que os árbitros devem ser escalados devido à competência e não pela sorte. O Brasil é o único lugar do mundo que aplica este sistema. O árbitro tem que ser designado pela Comissão de Arbitragem. Ela deve ter a responsabilidade de indicar os melhores e ser cobrada por isso também”, assim se posiciona a ANAF.

Serapião concorda: “Isso prejudica o espetáculo e depõe contra a imagem do árbitro, dando a impressão de que ele não é um homem honesto”.


Sandro Ricci, árbitro do atual quadro da FIFA, foi um dos que se apresentaram para esclarecer algumas das reivindicações. Segundo ele, a primeira tentativa desse reconhecimento da profissão foi feita em 1979, pelo deputado Peixoto Filho. Outras vieram em 1990, 1993 e 2002, mas até hoje nada foi resolvido.

Liberté Egalité Fraternité

Além do já mencionado fim do sorteio, é almejado também a equivalência de direitos para os cidadãos dessa nação futebolística brasileira.


“Dentro daquele espetáculo a gente tem um amador, que é o árbitro, e uma série de direitos previstos na legislação, principalmente na Lei Pelé, em relação aos jogadores, como o direito de arena, o direito à assistência médica e hospitalar e outros que são concedidos a eles e não à arbitragem”, disse Ricci na audiência do dia 25 de outubro.

Quem é o verdadeiro artista: o Regente ou a Orquestra?

O juiz fez ainda uma lista de outras ocupações legitimadas pelo Congresso, como as dos taxistas, sommeliers, tradutores e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais, repentistas, instrutores de trânsito, guias turísticos, economistas domésticos e outros. “Eu não tenho nada contra nenhum deles. Eu até entendo que, como esta Casa representa a vontade do povo, este foi mais forte na aprovação delas”, explica Ricci.

O povo brasileiro de fato parece conhecer seus anseios e prioridades. Ainda no mês passado, por exemplo, no dia 18, foi aprovado o Projeto de Lei do Senado 322, que regulamenta a profissão de DJ (Disc-Jockey) e de Produtor DJ, o qual ficou de ser analisado pela Comissão de Assuntos Sociais. De acordo com o site A Voz da Vitória, o senador Armando Monteiro diz que “Se os artistas já têm sua profissão regulamentada, é hora de atribuir a estes profissionais tratamento isonômico, com o intuito de assegurar-lhes direitos comuns aos trabalhadores”.

Ao que tudo indica, os homens de preto largaram atrás nessa corrida e por 34 anos foram ultrapassados pelos Guardadores e Lavadores Autônomos de Veículos Automotores, cuja pompa do título é evidenciada pelas iniciais maiúsculas e pela conquista assegurada pela Lei nº 6.242, de 23 de setembro de 1975.

Escolinha do Professor Raimundo

A República Federativa do Brasil vem tentando se fazer ouvir no cenário internacional e, para tanto, procura sanar os tumores que acometem suas cordas vocais, já cansadas de cantar majoritariamente Bossa Nova, Axé e MPB. Um desses tumores que causa rouquidão aloja-se na Educação.

Seus professores, contudo, cujas gargantas foram tão arranhadas no passado pelo pó de giz, não mais podem dedicar-se exclusivamente à impostação de valores educacionais em sala de aula, sendo obrigados a recorrer a outras fontes de renda. Nesse quesito assemelham-se aos profissionais do apito. Duas classes igualmente expostas ao escrutínio e julgo social, igualmente cobradas quando seus equívocos são alardeados pelos principais veículos de comunicação.

O jornal Gazeta Online noticiou, há apenas 3 dias, que “10% dos professores de educação básica no Brasil complementam o salário do magistério com uma segunda fonte de renda. O percentual é maior que a média de todos os trabalhadores: apenas 3,5% da população têm uma segunda ocupação”, dados de pesquisadores da USP.

A ANAF diz que “Para atuar no Brasil, a CBF exige que o juiz tenha outro vínculo profissional, o que muitas vezes é incompatível com a exigência de viagens por todo o País e a presença em cursos de formação” (e de reciclagem, também é válido apontar).

E o salário...

É sabido que as federações não têm verba suficiente para aumentar significativamente as cotas oferecidas aos árbitros, mas com estas eles jamais poderiam pagar um bom curso de inglês e consequentemente chegar à fluência, uma das exigências para se entrar no quadro da FIFA. Assim sendo, o valor de uma bolsa mínima mais razoável para ambos os lados é apenas um dos objetivos dessa discussão.

Manuel Serapião Filho ressalta, contudo, que ela não é focada nesse tipo de benefício. “Não se quer privilégios, se quer apenas uma regulamentação da profissão para a partir daí estabelecer-se alguns critérios para ser árbitro de futebol”. Estes justificariam “algumas obrigações para as entidades dirigentes, como treinamento, formação, preparo físico, acompanhamento psicológico para poder melhorar a qualidade dos árbitros, para que também se possa fazer uma filtragem daqueles que podem seguir a carreira”.

Caso receba um cartão verde no Congresso Nacional, o árbitro indiretamente daria apoio à educação nacional, uma vez que, de acordo com Serapião, “se ele começasse com 22 anos e não tivesse sido diplomado, ficaria inabilitado até completar o 3º grau, e aí voltaria com 26 ou 27 anos, até 25 ele conseguiria”. A formação acadêmica seria peça fundamental desse quadro e de certa forma contribuiria para fomentar uma maior disciplina para se estudar também as regras com maior freqüência. Afinal, não só de técnica, fibra moral e amor ao esporte vive o juiz de futebol.



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